Um mito (do grego antigo μυθος,
translit. "mithós") é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada
a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais,
as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis.
Ao mito está associado o rito. O
rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem - em cerimônias,
danças, orações e sacrifícios.
O termo "mito" é, por
vezes, utilizado de forma pejorativa para se referir às crenças comuns
(consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como
histórias de um universo puramente maravilhoso) de diversas comunidades. No
entanto, até acontecimentos históricos se podem transformar em mitos, se
adquirem uma determinada carga simbólica para uma dada cultura. Na maioria das
vezes, o termo refere-se especificamente aos relatos das civilizações antigas
que, organizados, constituem uma mitologia - por exemplo, a mitologia grega e a
mitologia romana.
Histórias tradicionais
transmitidas oralmente que reúnem lendas, anedotas e mitos de criação coletiva.
No Brasil, seus principais personagens têm origem indígena ou européia.
Boitatá - Gênio protetor dos campos. Aparece sob a forma de enorme
serpente de fogo, que mata quem destrói as florestas. O padre José de Anchieta,
em 1560, é o primeiro a mencionar o boitatá como personagem de mito indígena
brasileiro. É o nome dado pelos índios ao fenômeno do fogo-fátuo.
Boto - Mito amazônico. À noite aparece como um rapaz bonito,
bem-vestido, boêmio e ótimo dançarino. Nos bailes, encanta as moças, leva-as
para riachos afluentes do Rio Amazonas e as engravida. Por isso é tido como o
pai das crianças de paternidade ignorada. Antes do amanhecer, mergulha no rio e
se transforma em boto. Chamado também de boto tucuxi.
Caipora - Segundo a mitologia tupi, é um personagem das florestas
que tem o poder de atrapalhar os negócios de quem o vê. Quando um projeto sai
errado, se diz que seu autor viu o Caipora, ou Caapora. Em algumas regiões, é
um indiozinho de pele escura. Em outras, uma indiazinha feroz. É descrito
também como criança de uma perna só e cabeça enorme.
Cuca - Velha feia que ameaça crianças desobedientes, em especial as
que não querem dormir à noite. Personagem que apresenta influência do mito da
bruxa, de origem européia.
Curupira - Anão com os pés virados ao contrário, calcanhar para a
frente, dedos para trás. Seu rastro engana os caçadores inescrupulosos, fazendo
com que eles se percam na floresta. Protetor das árvores e dos animais. Mito
conhecido de vários índios sul-americanos, tem diversas denominações. Na
Venezuela, o chamam de Máguare, na Colômbia, Selvage, e os incas peruanos o
denominam Chudiachaque. Em alguns lugares, é descrito como sendo careca, e em
outros como tendo a cabeleira vermelha.
Iara - Tem as mesmas características das sereias: mulher da cintura
para cima, peixe da cintura para baixo, canto irresistível aos ouvidos dos
homens, que atrai para a profundidade das águas, onde habita.
Lobisomem - Homem aparentemente comum, vive e trabalha como os
demais da comunidade. Nas noites de lua cheia transforma-se em um lobo, ou em
um homem com cabeça de lobo e mata quem cruza o seu caminho. Antes do dia
clarear readquire forma humana.
Matintapereira - Segundo a mitologia tupi, é uma pequena coruja que
canta à noite para anunciar a morte próxima de uma pessoa. Descrevem-na também
como mulher grávida que deixa o feto na rede de quem lhe nega fumo para o
cachimbo.
Mula-sem-cabeça - Personagem monstruosa em que se transforma a
mulher que tem relações sexuais com padres ou compadres. Acredita-se que a
metamorfose se dá nas noites de sexta-feira, quando assusta as pessoas com seu
galope.
Negrinho do pastoreio - Na tradição gaúcha, uma espécie de anjo
bom, ao qual se recorre para achar objetos perdidos ou conseguir graças. É a
alma de um negrinho escravo que o dono da estância puniu injustamente,
açoitando-o e depois amarrando-o sobre um formigueiro. No dia seguinte seu
corpo aparece intacto, como se não tivesse sofrido nenhuma picada, e sua alma
passa a vaguear pelos pampas.
Saci-pererê - Negrinho de uma perna só, fuma cachimbo e cobre a
cabeça com carapuça vermelha. É inofensivo: se diverte assustando gado no
pasto, dando nó em rabo de cavalo e criando pequenas dificuldades domésticas.